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domingo, 30 de outubro de 2011

O papel do professor em contexto on-line

EAD

A evolução da sociedade trouxe consigo a criação de novas ocupações profissionais, transformação ou extinção de outras e ainda a ramificação das ocupações existentes.

O papel do professor vem sendo redimensionado ao longo dos tempos. No passado, o professor era aquele que detinha todo o saber e era o transmissor deste saber. Isto correspondeu às necessidades da sociedade na época, uma vez que o conhecimento mudava muito lentamente. Este papel se foi alterando, moldando às necessidades e exigências da sociedade. Na sociedade atual, a sociedade em rede, tecnológica, o professor não é o único detentor e transmissor de conhecimentos e são lhes exigidos novas e cada vez maiores competências, tanto a nível pedagógico, intelectual e cultural. Hoje ele se torna cada vez mais um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos.

A necessidade de formação contínua e constante de grande parte dos indivíduos da sociedade é colmatada, atualmente, através dos novos meios tecnológicos. A educação a distância mediada pela Internet, o e-learning, trouxe consigo a necessidade de uma nova ocupação, o professor on-line. 
Da atuação deste há um consenso quanto a considerar ser a chave do sucesso do ensino on-line. (Morgado, 2004)

O ensino on-line assemelha-se a qualquer outro contexto educacional: as necessidades dos alunos são avaliadas, o conteúdo é prescrito, as atividades de aprendizagem são realizadas e estas são avaliadas. Neste contexto tem-se a vantagem de se poder explorar todos os recursos multimédia existentes, aceder a recursos Web (aplicações Web 2.0, redes sociais, mídias sociais, …), aceder a grandes repositórios de conteúdos de diversos assuntos, desde os produzidos pelos professores como também por colegas de estudo. Tudo isso facilitado pela possibilidade de ser acedido em qualquer hora e lugar, mediado pela Internet e por hardware adequado.

Anderson, Rourke, Archer e Garrison (2001) citado por Anderson (2008) delineiam três funções essenciais que um professor realiza no ensino presencial: desenho e organização das atividades de aprendizagem tanto antes do início como durante o funcionamento das atividades; concepção e implementação de atividades que incentivem o discurso entre todos os intervenientes: professor-aluno, alunos-alunos, aluno-conteúdo; delegação de tarefas através de instruções diretas aos alunos (quando de nível superior) de modo que eles próprios contribuam e construam a sua aprendizagem e a do grupo. Além dessas, acumula também a função de avaliador e de certificador das aprendizagens dos alunos. (Anderson, 2008)

Segundo Morgado (2001) as áreas de intervenção de um professor on-line englobam: aspectos pedagógicos –  “fazer perguntas; dar exemplos e modelos; orientar e sugerir; promover a reflexão; orientar os estudantes na exploração de outras fontes de informação; estimular os estudantes para a justificação/explicação e elaboração das suas ideias; dar feedback; proceder à estruturação cognitiva das tarefas; sumariar”; aspectos de gestão – tarefas de organização e planificação do curso e atividades de aprendizagem; aspectos sociais – criação e desenvolvimento de um ambiente propício à aprendizagem; aspectos técnicos – contribuir para a transparência dos meios tecnológicos para que seja possível ao estudante concentrar-se nas atividades de aprendizagem.


A concepção e construção do curso, as atividades de aprendizagem, os critérios de avaliação constituem a parte inicial de intervenção do professor on-line. Os conteúdos criados devem ser alterados e reorganizados, se necessário, para melhor se adequarem e corresponderem as perspectivas do grupo em questão. Da mesma forma, também há a necessidade do professor estimular, orientar e apoiar a aprendizagem contínua do grupo como um todo e em casos individuais. Essas tarefas traduzem-se na elaboração de várias atividades de aprendizagem que visem o incentivo ao estudo individualizado e independente, que explore profundamente o conhecimento do conteúdo, diversifique a avaliação formativa e também promova a abertura para negociação de prazos para conclusão das atividades. (Anderson, 2008).

Como uma das tarefas iniciais do professor on-line, também se considera o desenvolvimento do senso de confiança e segurança dentro do seu grupo de aprendizagem. Essa tarefa deve ser conduzida de forma que os alunos sintam-se apoiados e principalmente incentivados a continuar o seu percurso formativo, mediando o discurso entre alunos, ajudando na busca ou utilização de recursos tecnológicos desconhecidos pelo grupo ou por algum elemento do grupo. Ao final da fase inicial, todos os alunos devem se sentir preparados, informados e motivados, sentirem-se plenamente confortáveis no grupo ao qual pertencem e disso depende a condução correta dos discursos e orientações do professor, respondendo ou conduzindo a respostas corretas, atempadamente, não permitindo o sentimento de solidão do aluno. Na educação on-line, o professor deve adotar um papel de facilitador ou moderador - alguém que encoraja a participação e mantém a discussão focada nos tópicos necessários.

Como refere Shepherd (2003), citado em  Rodrigues (2004):
 “a investigação está constantemente a reforçar a importância dos eformadores para o sucesso dos cursos online. Os cursos que oferecem melhor suporte têm as mais baixas taxas de desistência e os alunos mais satisfeitos”.  

Dessa forma um professor on-line deve possuir um amplo leque de competências e habilidades: autor, assistente, assessor, facilitador, mediador, mentor, motivador, parceiro, tutor, avaliador e ter capacidades técnicas suficiente para navegar e contribuir de forma eficaz dentro do contexto de aprendizagem online. A atuação e desempenho do professor on-line são decisivos para garantir o sucesso de qualquer formação on-line.

Segundo Dias A. et al. (2004) “não há receitas em e-learning e cada contexto e situação exige respostas adequadas e específicas a esse contexto de utilização”. Contudo a motivação e encorajamento dos formandos devem continuar no centro das atenções dos professores on-line do início até ao final do curso.


Bibliografia:

Anderson, T. (2008).Teaching in an Online Learning Context. Disponível em: http://www.aupress.ca/books/120146/ebook/14_Anderson_2008-Theory_and_Practice_of_Online_Learning.pdf. [acedido em outubro de 2011].

Dias A., Dias P., Gomes M.J.(2004). e-Learning para e-formadores: Formação de Docentes
Universitários. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/666/1/eLES-DDG.pdf. [acedido em outubro de 2011].

Lima, J. (1996). O Papel do Professor nas Sociedades Contemporâneas. Disponível em http://www.fpce.up.pt/ciie/revistaesc/ESC6/6-3-lima.pdf. [acedido em outubro de 2011].

Morgado, L. (2001). O Papel do Professor em Contextos de Ensino On-Line – Problemas e Virtualidades. Disponível em: http://www.univ-ab.pt/~lmorgado/Documentos/tutoria.pdf. [acedido em outubro de 2011].

Rodrigues, E. (2004). O papel do e-formador (formador a distância). Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/6412/3/Cap%C3%ADtulo%204-%20O%20Papel%20do%20e-formador.pdf. [acedido em outubro de 2011].

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Uma reflexão acerca da pedagogia do e-learning

Há muito se vê a evolução do ensino a distância (EaD) e a dimensão assumida dessa nova forma de ensinar e aprender é cada vez mais evidente. Esse crescimento tem como premissa principal a necessidade das pessoas se tornarem cada vez mais capacitadas ao longo da vida, não bastando apenas formarem-se num ensino regular e utilizar a formação adquirida, ao longo da vida. As exigências das empresas e até mesmo da sociedade são cada vez maiores e isto se reflete no crescimento do ensino a distância.

Podemos referir que o ensino a distância hoje absorve ou engloba todas as tecnologias anteriormente utilizadas nessa modalidade, ou pelo menos tem ao seu dispor, como refere Terry Anderson e Jon Dron no artigo Three Generations of Distance Education Pedagogy: “It should be noted that none of these generations has been eliminated over time; rather, the repertoire of options available to DE designers and learners has increased. Similarly, all three models of DE pedagogy described below are very much in existence today.

Mas afinal, ensino a distância e e-learning são sinónimos? Gomes (2005), em sua reflexão sobre o tema, refere não ser correto torná-las sinónimos e há a necessidade imperiosa desses conceitos serem bem definidos para que o diálogo entre todos os intervenientes no processo de ensino/aprendizagem “corresponda a uma partilha de perspectivas conceptuais”. Refere ainda que:

o e-learning, do ponto de vista tecnológico está associado, e tem como suporte, a Internet e os serviços de publicação de informação e de comunicação que esta disponibiliza, e do ponto de vista pedagógico implica a existência de um modelo de interação entre professor-aluno (formador-formando), a que, em certas abordagens, acresce um modelo de interação aluno-aluno (formando-formando), numa perspectiva colaborativa.” (Gomes, 2005)

De fato, o e-learning é uma estratégia formativa que pode vir a ser a solução para problemas educativos tais como o isolamento geográfico e gestão alargada do tempo disponível para a formação. É legítimo afirmar que a facilidade proporcionada pelos meios tecnológicos atuais vieram facilitar o crescimento do ensino a distância para a “versão” em e-learning. As variedades de ferramentas existentes na Web, proporcionadas pela Internet, tornam-se pontes efetivas entre o conhecimento e a vontade de saber, contudo segundo uma colega de mestrado, Maria Filomena Pestana: “…são as atividades e não as plataformas que concretizam os ambientes de aprendizagem…”. Dessa forma torna-se fundamental a formação de pessoas capacitadas que tenham domínio completo não só das ferramentas tecnológicas disponíveis para a ensino/aprendizagem por e-learning como também a formação pedagógica que dará base para essas pessoas construírem atividades realmente importantes para a aquisição de conhecimentos.

Ao longo dos últimos 60 anos desenvolveram-se várias teorias de aprendizagem, cada uma tentando contextualizar a realidade que se observava no momento. Podem-se destacar três teorias principais que tentam entender/analisar o processo de aprendizagem considerando o contexto formal de ensino de cada época. Assim, conforme cita Albuquerque (2011):

Behaviorismo – teorias que consideram a aprendizagem como o resultado de uma relação funcional entre ambiente e comportamento, na qual o sujeito é passivo neste processo e que deverá apresentar as respostas corretas, sem levar em consideração o que ocorre em sua mente durante o processo de aprendizagem, ou seja, é um mero reprodutor de tarefas e informação. A aprendizagem é uma mudança de comportamento observável.

Cognitivismo/construtivismo – teorias que encaram a aprendizagem como um processo de construção de conhecimento pelos processos mentais utilizados para essa construção, tais como, o armazenamento, a compreensão e a transformação. A pedagogia tem como preocupação principal o desenvolvimento de meios para inserir o conhecimento, que é construído individualmente pela adaptação e organização, na memória do sujeito e, assim, garantir a aprendizagem.

Construtivismo social – teorias que definem a aprendizagem como um processo de incorporação de novos conhecimentos a experiência do indivíduo, processo que ocorre principalmente pela mediação. A cultura faz parte do processo de aprendizagem e o sujeito participa ativamente desse processo.” (Albuquerque, 2011)

Ainda segundo Albuquerque, as teorias citadas acima foram desenvolvidas numa época em que o ensino era unidirecional, professor-> aluno, “um ensinava e o outro aprendia”. Para se entender a aprendizagem em nossa era, a era digital, surge o Conectivismo, uma teoria de aprendizagem totalmente condizente com nossa realidade. Esta, segundo Mota (2009):

“postula que o conhecimento está distribuído numa rede de conexões e que, desse modo, a aprendizagem consiste na capacidade de construir essas redes e circular nelas (Downes, 03-02-2007)”.  

As teorias descritas acima, embora elaboradas em fases diferentes, não podem ser postas de lado, simplesmente porque o que vemos hoje é um acumulo do que vem ocorrendo ao longo dos anos. Nada do que se utilizou foi posto de lado, muitos métodos e tecnologias convivem juntos para facilitar todo o processo de ensino/aprendizagem. Dessa forma, tanto as teorias mais anteriores como também o Conectivismo (que por alguns autores não é considerado nem sequer uma teoria) devem ser levadas em conta para a construção de todo o processo formal de e-learning, desde a construção de materiais instrucionais, os métodos de avaliação a serem utilizados, elaboração de atividades de cunho colaborativo, entre outros. No ensino em e-learning, a aprendizagem colaborativa formal intermediada pelas redes baseadas e suportadas pela Internet tornam-se essenciais para a construção efectiva ou alargamento do conhecimento. Os conteúdos abertos, bem como os recursos educativos abertos, proporcionados pela licença Creative Commons, a partilha de informações através de várias ferramentas Web, denominadas de Web 2.0, tornam-se essenciais para a construção da rede, rede esta que impera o aluno, o aprendente, e este, ora absorve informação, ora se torna ele próprio o autor de informação, inserido numa grande malha de colaboração e partilha fazendo circular e crescer a rede da qual faz parte.

Conclusão
Vivemos nitidamente na era onde impera a tecnologia, estando esta ao alcance de grande parte da sociedade. Este fato não pode ser ignorado e desperdiçado. Há de se potencializar seu uso na educação, colocando-a a serviço de todos. Contudo isto não basta, a preocupação com a aprendizagem efetiva, a elaboração de materiais instrucionais adequados, a formação de professores ou tutores nesta modalidade de formação (e-learning) é imprescindível. Não se pode descurar de forma alguma das necessidades e características dos estudantes, os quais são o motivo central de todo este processo, o centro da rede. Quem pensa que apenas a tecnologia basta, engana-se. O descaso com a estrutura pedagógica adequada e necessária para essa modalidade de ensino (e-learning) é um erro e deste pode-se advir grande número de abandono e insucesso por parte dos estudantes.

Bibliografia

Albuquerque, Rita. (2011). Conectivismo na era digital. Disponível em: http://www.sophia.org/packets/conectivismo-na-era-digital. [acedido em outubro de 2011].

Anderson, Terry, Dron, Jon. (2011). Three genarations of distance education pedagogy. Disponível em: http://www.irrodl.org/index.php/irrodl/article/view/890/1663. [acedido em Outubro 2011].

Gomes, Maria João. (2005). E-learning: Reflexões em torno do conceito. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/2896/1/06MariaGomes.pdf. [acedido em outubro de 2011].

Mota, José C. (2009). Da Web 2.0 ao e-Learning 2.0: Aprender na rede. Dissertação de mestrado em Ciências da Educação, especialidade Pedagogia do e-Learning. Universidade Aberta, Portugal. Disponível em: http://orfeu.org/weblearning20/. [acedido em outubro de 2011].

Siemens, George. (2004). Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. Disponível em: http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm. [acedido em outubro de 2011].

Siemens, George. (2008). A brief history of networked learning. Disponível em: www.elearnspace.org/Articles/HistoryofNetworkLearning.rtf . [acedido em outubro de 2011].